Dia desses estava lendo um post sobre aquecimento global lá no blog do Menegroth e parei pra pensar pela primeira vez em algum tempo sobre minha opinião a respeito do assunto.
Digo primeira vez em algum tempo porque eu já havia cansado de discutir ecologia. Discordar de todo mundo é algo desgastante. Atualmente é impregnado no senso comum que estamos prestes a destruir nosso planeta. Todo mundo sabe que o aquecimento vai nos fritar em alguns anos, sabe que em duas décadas não vai mais ter água, sabe que a variedade de espécies tende a diminuir.
Quando as pessoas todas sabem demais, sabem tanto que acreditam sem protestar, sabem tanto que qualquer opinião contrária é descarta, eu sinto cheiro de perigo no ar.
A questão da defesa do meio ambiente tem, sim, seu lado obscuro. Censura, medo, ilusão, dinheiro: tudo isso está relacionado à opinião pública de uma maneira surpreendente.
Censurados são todos os que falam contra a palavra comum. Diversos estudiosos sérios foram impedidos (por falta de permissão ou financiamento) de continuar estudos que punham dúvidas sobre esse cenário de catástrofe ou que limitavam a participação humana na mudança do mesmo.
Há uma corrente científica que prevê o aumento da biodiversidade em decorrência do efeito estufa. O argumento é que a temperatura mais alta contribui para que mais espécies possam habitar certos ambientes. Por exemplo, comunidades marinhas podem estar se formando na água derretida de Icebergs, mais quente do que a água polar.
Outros ainda dizem que o planeta já passou por mudanças de temperatura muito antes do homem sequer sonhar com o Paleolítico. Indícios mostram que o mar já esteve em locais hoje muito altos ou que a terra atualmente submarina já foi habitada. Mais de uma vez o planeta congelou e esquentou.
Agora eu pergunto: quantas pesquisas sérias nesse sentido são incentivadas? Quantas alternativas dessas são mostradas pela mídia? Assumir um ponto de vista ignorando os poréns não pode ser perigoso?
Pois bem, como todos pareceram escolher o lado dramático da destruição ambiental, eu sempre militei pelas idéias opostas a este. Oras, quando há muita gente lutando num exército, o inimigo deve usar alguns reforços, senão o mundo todo será dominado em pouco tempo.
E foi ao conhecer idéias que me dei conta de outro aspecto: o medo. É fato, o mundo está com o cu na mão. Na verdade, sempre esteve. Todas as épocas tiveram sua grande tragédia grega. Sempre houve um inimigo que causaria o fim do mundo, uma data da qual não se poderia passar, uma doença que iria dizimar a humanidade. Eu creio que se pudéssemos voltar mil anos no passado e perguntar a um morador de então quanto tempo ele acha que o planeta duraria, nós não estaríamos na previsão dele.
Isso porque a sociedade faz questão de se sentir importante, achar que é fundamental para o futuro. Acreditamos, da mesma forma que nossos antepassados, que nós somos o fator decisivo do maior momento da história. Ninguém considera uma reviravolta que mude tudo sem grandes sofrimentos. Mais ainda: ninguém considera que o planeta pode dar sua reviravolta sozinho e nós sobrarmos para espectadores.
Ah, pois bem, o aquecimento global é nosso carma, nosso grande temor. É até feio não ter medo dele! Mesmo as pessoas tradicionalmente mais desligadas estão comprando cadeiras de papel higiênico reciclado porque acreditam que isso as pode salvar.
Aliás, o terrorismo psicológico vai além da salvação pessoal – já estão colocando a família no meio da bagunça. Dizem que nós vamos condenar nossos filhos e netos a um mundo mais seco que célula plasmolizada. É verdade? Não se sabe, mas quem tem coragem de arriscar o futuro das crianças? Na dúvida, melhor comprar tomate orgânico.
Exatamente por essa brecha que o medão abriu no peito das pessoas (peito, para não especificar um lugar mais próprio) que uma infinidade de instituições resolveu sugar dinheiro alheio. A madeira certificada custa mais caro que a madeira normal, mas é para o bem do mundo então ta valendo. O qualquercoisa com suco de piroca marapuama tem gosto de vômito, mas, vá! é tão saudável.
Sabe aqueles hippies que não ligavam para dinheiro e, por isso, viviam de vender colarzinho de semente de melancia e roupa marrom? Poisé, eles ficaram ricos. Hoje em dia todo mundo acha lindo andar com bagaço de melancia no pescoço e – pior- acha lindo o marrom-cocô. Por algum motivo, verde e marrom-cocô são as cores da ecologia.
Voltemos ao raciocínio: por que os mesmos hipongas um dia crucificados pela sociedade hoje vendem como água suas cadeiras marrom-cocô? Por que as pessoas resolveram trocar confortáveis poltronas acolchoadas por troninhos feitos em fibra de bambu?
A cultura do medo se tornou tão institucionalizada que fez o mundo todo olhar para o marrom-cocô como se fosse o pretinho básico. Foi incrustado na cabeça do povo que somente ao comprar produtos ecologicamente corretos, o mundo seria salvo.
Essa idéia é muito mais ampla do que hippies ricos. Atualmente, tudo o que é produto apela nesse sentido. Já pensaram quanto dinheiro iria se perder caso os produtos voltassem ao preço que tinham antes de sofrer as necessárias mudanças para se salvar o mundo?
Para mim, esse é o maior impedimento à compreensão da realidade. Acabar com a idéia de uma futura catástrofe seria o mesmo que comer a Galinha dos Ovos de Ouro ensopada com batatas. Simplesmente não é viável.
Manter a população em constante pavor, conhecendo apenas parte da verdade já é um objetivo comum de tanta gente que o fato chega a dar medo por si só.
Eu não digo que a sociedade deva parar de se preocupar com o meio ambiente, nem digo que nada vai acontecer em relação a este. O que eu insisto e bato o pé é para a possibilidade de se ouvir opiniões diversas. Não acredito que o mundo guiado por uma só opinião tenha futuro. Se cada nova idéia [revolucionária] definhar na amargura, nós nunca vamos poder olhar com clareza para nosso próprio planeta.
É claro que devemos preservar a natureza e mantê-la o mais próximo possível de seu original, mas devemos também olhar com cuidado para outros aspectos. A corrupção continua aí. O crime não dá trela. Nossa sociedade vai resistir à desigualdade e às guerras?
Não importa, né mesmo? Contanto que a temperatura não suba, a gente fica feliz. Feliz e pagando a conta.